sábado, 14 de setembro de 2013

TEMPO DE SAUDADES...


Gare de Campinas
(Inaugurada em 11/08/1872)

retrato do abandono






Na tarde de hoje dia 14/07/2013 estive visitando acompanhado de minha família, mais uma vez a Estação Ferroviária de Campinas, a cidade onde nasci e vivo até hoje, há exatos 53 anos.
Apesar de estar situada bem próximo de onde resido, coisa de 5 minutos de automóvel, assim mesmo com a correria do dia a dia e de todo o trabalho, os dias vão se passando e acabamos por esquecermo-nos de como ela é e foi muito importante e bonita. Campinas é hoje e sempre foi a segunda cidade do Estado de São Paulo, grande polo industrial, comercial, médico e principalmente estudantil. Aqui nasceram e se formaram pessoas ilustres.




retrato do abandono



Bem, como não é minha intenção ficar aqui contando a história de Campinas, que pode ser vista em muitos lugares na web, volto a falar sobre o principal entroncamento ferroviário do estado e também de toda região Sudeste do Brasil, que há muito tempo deixou de existir, pois no Brasil a máfia das rodovias, dos pedágios, das cargas, do óleo diesel, dos ônibus e caminhões de transporte de carga e passageiros contribuiu muito para o desaparecimento do trem, como principal meio de transporte, barato, confortável, pontual e principalmente, elegante e charmoso.





Lembro-me de quando menino eu embarquei nesta estação muitas vezes com destinos variados, em férias, acompanhado de meus pais, avós e tios, pessoas estas (avós e tios) que trabalharam e aposentaram-se como empregados na ferrovia. Meu avô materno, que não cheguei a conhecer inclusive teve sua vida ceifada por uma composição, quando saía de seu turno de trabalho na ferrovia.







Minha paixão por trens vem creio, desde o ventre de minha mãe então. Está no sangue, aquele mesmo derramado pelo meu avô e talvez pelas alegrias e pelas belas paisagens das viagens que empreendi. Residia naquele tempo bem próximo do conglomerado ferroviário, então a imagem de trens chegando e partindo e em manutenção ainda é algo bastante vivo em minha memória.
Creio que levarei isto comigo até o final de minha vida e mais um pouco ainda...
Voltando ao motivo deste post, a nostalgia que senti na tarde de hoje quando acompanhado de minha filha de 15 anos que sequer teve a chance de ver tudo aquilo funcionando, pude acompanhá-la no passeio e aos poucos matando toda curiosidade dela sobre o muito pouco que ainda restou de todo aquele acervo, coisa que devemos agradecer e muito hoje ao ex-prefeito Antônio da Costa Santos (in memoriam) brutalmente assassinado há 12 anos e que teve a coragem de bancar uma restauração e reincorporação de quase todo aquele patrimônio que estava fadado a desaparecer, desativado que estava, apenas aguardando a liquidação por credores, que certamente venderiam tudo a especuladores imobiliários. Porém nosso querido Toninho, que como eu disse acima foi brutalmente assassinado e não pode ver este que era um de seus maiores sonhos todo recuperado. Governos municipais que o sucederam importaram-se apenas com a propriedade para alocar ali secretarias de governos, e outras instituições e pessoas que sequer viveram o momento mágico daquele prédio, gente que não nasceu aqui, não viveu a cidade de Campinas como eu vivi e que cuidaram apenas de impregná-lo, enchê-lo de coisas e itens sem utilidade, sem valor histórico, espaços doados às tribos e ONGs que apenas delapidaram todo valor histórico do local e que hoje serve apenas para constatarmos seu abandono quase total e para fazer rolar uma lágrima no rosto daqueles saudosistas (se quiserem me chamem assim) que assim como eu ainda são capazes de se transportar quando ali adentram, aos tempos com total glamour, na época em que as ferrovias eram a magia dos adultos e crianças que como eu cresceram embalados por partidas e chegadas, dos vapores, das máquinas elétricas e a diesel e principalmente da rota do destino que não volta mais. 






Dói no peito uma saudade, que vivi com meus avós, pais e amigos, mas que, porém jamais terei a chance de reviver com minha filha, a não ser através de um sonho de uma grande e imortal saudade!


O sorriso no rosto foi pedido de minha filha, 
pois a alma deste autor estava triste com todo descaso


Obs: as imagens aqui adicionadas, foram fotos de autoria do autor do blog e de minha filha e as demais retiradas da web.
Em tempo, gostaria de dizer que as fotos postadas aqui são de alguns anos atrás e outras do dia de hoje, porém bastante revoltado com o que vi por lá, nego-me a publicar algumas imagens que só mostrariam a degradação e abandono do lugar, muito triste, fruto de várias administrações municipais preocupadas apenas em destruir a memória da minha cidade, Fica aqui meu protesto!

Até meu próximo post.
Forte Abraço !
Osmarjun


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